quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A galinha do vizinho

É sempre melhor que a minha… ou na versão americana “the grass is always greener on the other side”. Não sei se por aquelas bandas a expressão é assim tão clarificadora de muito do modo de pensar instituído, mas claramente por aqui, chega a ser a nossa própria essência. Serve para suspirar, serve para invejar o que achamos que não conseguimos fazer e serve essencialmente de desculpa para tudo o que não se faz a maior parte das vezes por inércia. E quando nos resolvemos a mexer, apenas nos limitamos a passar a papel vegetal o que vemos, ficando apenas com um frango que nada tem haver com a galinha gorducha que nos enche a vista do outro lado! E curiosamente nem assim aprendemos que esta aproximação, além de não nos deixar com o queremos, só nos deixa fel na boca!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Gestão orientada à goela

Desde que me lembro de mim, não gosto de gritaria. A minha professora primária era (e é, espero) uma senhora de peso. Para além de na altura me parecer enorme, das coisas que ainda hoje recordo mais vivamente é mesmo o vozeirão com que nos chamava ao quadro ou com que nos corrigia os ditados! Acho mesmo que quando me dei conta que ao fazer as coisas bem feitas, evitava a gritaria, a minha vontade de ser uma estudante aplicada, cresceu exponencialmente! Esta espécie de handicap, ainda hoje me assombra!

Para mal dos meus pecados, tenho vindo a descobrir uma nova escola de gestão, nos últimos tempos, que parece valorizar os decibéis emitidos. Como se o nível de incómodo causados nos ouvidos alheios, tivesse alguma espécie de reflexo no grau de respeito emitido, autoridade passada! E entre os invejosos de Olimpo, que apesar de não serem sequer semideuses, treinam o grito de boca bem aberta, para desta forma não passarem despercebidos! Nem aos desgraçados dos mortais que têm ouvidos sensíveis, nem às divindades que de tão vaidosas, consideram a mímica o derradeiro elogio!

As assembleias do monte Olimpo vêem-se reduzidas a ensaios de gramofone sobre os mais miúdos assuntos, gritados em escala crescente conforme o grau de importância, para que vejam que um bom gestor, não se esquece nunca, a prova provada é que não deixa de gritar, ora pois!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ideias directas do intestino grosso!

Ou uma espécie de MM, se quisermos, ou seja: Metodologia de Merda! No fundo uma espécie de ligação directa das ideias para o autoclismo! Não se o resto do mundo tem vindo a cruzar-se com este tipo de elaboração estratégica, mas ultimamente, parece que oiço um “flush” contínuo na minha mente!


Aqui há pouco tempo comecei a ler um livro cujo título dá responde por qualquer coisa como: “As boas raparigas não sobem na vida”, que apesar de ter um título divertido, não deixa de ser um compêndio de “tretas de gestão”. Comprei-o por curiosidade e porque de facto achei que se conseguisse descobrir uma forma de não trabalhar demasiado, como estava indicado na contracapa do livro como um dos erros mais comuns, o preço promoção valeria a pena!
Entre as diferentes balelas que já li, umas com mais sentido que outras, muitas quase de sendo comum, houve uma que me martelou na cabeça e que descrevia a imbecilidade das pessoas que de bom grado relegam para últimas núpcias uma ida à administração ou algo similar devido à pura perda de tempo de tais visitas. Segundo a autora do livro isso releva muito pouca visão, pois é no monte Olimpo, e por conviver com os deuses que aí habitam que podemos aspirar a semi-deuses ou qualquer coisa do género! Segundo a minha perspectiva, qualquer reunião que demore mais de 1 hora de conversa de disco riscado e que me faça sair mais à nora do que entrei, é tempo perdido com ou sem divindades! E não me parece que isto seja algo que uma “boa rapariga” pense!...

Ultimamente tenho privado mais com os deuses do que seria habitual. Não posso dizer que não tenha vantagens. Ao fim e ao cabo constato em primeira-mão que as torcidas intestinais que fazem com que não consiga planear nada que dure mais de 2 dias, partem de uma cólica vinda directamente de uma divindade, mas que nem por isso deixa de cheirar mal! O que me leva a colocar uma outra questão: será que os iluminados responsáveis pela escolha de estratégias para a “humanidade” e evolução dos acentos no monte Olimpo têm o nariz entupido ou total ausência de olfacto?!?

sábado, 21 de julho de 2007

O quebra-tintins

No decorrer desta semana, comecei sentir as férias tão longe, que cheguei a pensar se teria sido mesmo eu a fazer a viagem! No meio de um dos meus ataques de fúria dirigidos ao tipico planeamento “tuga way”, facilmente reconhecido pelo modus operandi que leva um alguns tipos a gritar, para assustar o índio de serviço pois sabem que muitas vezes despoleta o chamado modo do desenrasca e algo acaba por ser feito, ainda que colocado com cuspo, perguntei-me qual seria o segredo das reuniões com os adms. para deixar toda gente a piar fininho! Não pude impedir a minha imaginação de visualizar todos aqueles senhores a sentirem os seus tintins bem apertados, o que de certo modo justificaria não só o piar fininho na presença de quem os aperta, mas também a raiva que têm que despejar para baixo à laia de escape...

Se calhar, em tempos idos, nas mesas de administração, alguém instalou um aparelho tipo quebra-nozes, destinado a apertar os tintins dos gajos que lá se sentavam. Talvez hoje em dia, o aparelho já nem precise de ser utilizado, pois quais cães de Pavlov, começam a ganir só ante a ideia de poderem vir a estar lá sentados e sentirem os tintins esmagados. E ao contrário do que geralmente se diz, o problema não é “falta de tomates”, mas o facto dos mesmos existirem e serem “tão preciosos”!

Talvez por isso, ainda vá dando jeito aos senhores administradores terem chefes homens... pois se o medo do quebra-tintins acaba, vai ser co certeza uma chatice!

sexta-feira, 29 de junho de 2007

O sumo também custa!

Senhor investidor, convencido estava
a tostões poupar.
Para isso um espremedor mágico comprou
que de laranjas secas, sumo fazia!
Mas muito espantado ficou
quando sumo não encontrou
nas cascas já usadas
das laranjas por si já gastas!

terça-feira, 15 de maio de 2007

É favor puxar o autoclismo!

Ou em alternativa, haver um reaproveitamento nas empresas portuguesas de modo a utilizarem os brain storms provenientes dos altos cargos para outros negócios paralelos, como por exemplo, o fabrico de estrume!

Não sei se existe mais gente a queixar-se do mesmo, mas a julgar pela maioria dos comentários e queixas que oiço não só dos meus amigos, mas também no comboio, diria que o mal é geral: os senhores administradores, directores e afins começa a relevar uma tendência cada vez maior para ter a génese das suas ideias no intestino grosso em vez do expectável cérebro!!

Ora com tanta m_ _ _ _ a aterrar, podíamos pelo pelos tentar aproveitá-la para a agricultura biológica, ou então não, não fossem os vegetais deixar de ser saudáveis!

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Ensina-os a pescar, ou talvez não!

Embora o princípio faça para mim todo o sentido: “não lhes dês o peixe, ensina-os a pescar”, começo a ter que dar a mão à palmatória e constatar que eu devo ser uma das excepções que prefere de facto pescar!

Não sei se à conta da comida de micro-ondas e todo o consumismo agudo, orientado a ter tudo feito, pronto num estalar de dedos, mas a verdade é que cada vez mais constato no dia a dia de trabalho que por muita linha, anzol, isco ou mesmo rede que deixe à vista, ainda que o balão de ensaio de pesca seja apenas e só num viveiro, há gente que não quer sequer pensar que tem que ser dar ao trabalho de pescar. Continua a socorrer-se do serviço de pesca, de preferência fechando os olhos ao facto de todos os utensílios estarem à mão de semear e regozijando apenas o facto do peixe já estar no prato e ainda que demore tempo, é sempre melhor jogar as culpas da demora para o pescador de serviço que além do seu peixe ainda tem que fazer um desvio para pescar as espécies que interessam aos outros, que molhar os próprios pés!

Pessoalmente, baptizo esta aversão à pesca de preguiça! Venham depois dizer que é preciso pescar mais ou que a pesca vai artesanal! Enquanto menos de metade, pescar para o resto, não se espantem que exista desequilíbrio!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Habitats

Começo a achar que o ambiente empresarial, forma uma espécie de habitat próprio. Em parte isto acaba por explicar as conversas cruzadas que temos no café, quando num instante de desabafo constatamos que quase todos temos as mesmas queixas sobre o mesmo tipo de cromos, das avestruzes às preguiças, não esquecendo os quadrúpedes de forma geral! O engraçado deste tipo de habitat consiste em permitir, em certos casos o surgimento de espécies mitológicas.

Há dragões que conseguem iludir os mais distraídos, dando a impressão que lançam de facto labaredas e quando ao seu covil chamam alguém, muitos vestem armadura, outros passam a conversa a fugir da boca já que não se querem ver chamuscados.
Há ainda outra figuras que num primeiro relance parecem iguais a nós, mas quando vêem um pano vermelho, descobrimos que têm um quê de Minotauro, quando os vemos a marrar sempre em frente, sem tino algum e completamente espantados quando alguém resolve ser o forcado da cara!
Depois há as figuras vampíricas, que surgem pelas costas, no alto da sua palidez de olhos encovados, sondando o nosso pescoço, com os olhos a brilhar cada vez que ganham uma perspectiva de ataque a uma veia que deixámos à mostra e que nos levam a andar de crucifixo e alho atrás!

E no meio de tudo isto, temos que ter uma espécie de mala da Mary Poppins para podermos desenrascar qualquer defesa ou ataque neste habitat de todos os dias!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

À distância de um telefonema

Para mal dos meus pecados, pertenço aquela universo de pessoas que tem presente na cabeça os pontos mais importantes dos projectos que tem entre mãos. Se é verdade que me dá jeito enquanto estou a trabalhar em n coisas diferentes, não é menos verdade que aos meus colegas, para não falar dos meus chefes, esta característica, dá ainda mais jeito! Afinal de contas, para que despender energia em ler vários mails ou ligar a mais que uma pessoa, quando à distância de 9 dígitos apenas, estão todas as respostas: tudo à distância de um pequeno telefonema!

Moral da história, mesmo que escolha apenas um par de dias, me esqueça do raio do “Out of Office”, e não tenha deixado nada pendente, o telemóvel tem que tocar invariavelmente pelo menos uma vez, pelo menos sobre um tópico! E se é verdade que o mar brilhava com uma cor linda, que o tempo escorreu devagar, como uma guloseima que se degusta suavemente, não é menos verdade que estes cortes apenas servem para nos lembrar que tudo isto é apenas um intervalo!

terça-feira, 20 de março de 2007

zoo na empresa

No decorrer do tempo em que vou ganhando experiência de trabalho, tenho reparado que existe toda uma fauna de espécies raras, capazes (ou incapazes) das coisas mais extraordinárias e com as quais, temos que conviver, porque não temos a sorte de estar numa reserva apenas com elementos da nossa espécie! Esta pluralidade de espécies que em potencial poderia fornecer um esquema de aprendizagem extraordinário, acaba por ter um efeito contrário se pensarmos no esquema de Darwin, partindo do principio que evolução é trabalhar melhor e não coçar a micose a troco de levar o salário para casa, conceito que pode, obviamente ser discutível. Geralmente, o feito de aprendizagem é feito tendo como base o esquema do operário: se me pagam para apertar uma porca, aí de mim olhar para o lado e tentar aprender outras formas de apertar a porca, ou mesmo chegar à conclusão que afinal, uma chave de fendas a cada 100 porcas, seria um investimento bem melhor! E como isto de apertar porcas, cansa (basta pensarmos no Chaplin e na sua alegoria à era industrial) o melhor mesmo é arranjar forma de, através dos meandros da produção, descobrir a fórmula da invisibilidade e acabar por não apertar porca alguma! Podemos comparar toda esta espécie, ou grupo, a um bando de preguiças adaptáveis!

Existem ainda os pavões! Aqueles, que pela sua natureza não se conseguem resignar ao estatuto de invisibilidade, o que não quer dizer que tenham mais vontade de trabalhar por isso. Apenas optaram por uma outra via: utilizam o aparato das penas que aprenderam a fabricar em seu redor para iludir os espectadores, enquanto pouco mais fazem que chamar a atenção!

Mas algumas destas criaturas foram contratadas na qualidade de engenheiros o que é uma chatice, pois dos que sobram, poucos estarão dispostos a fazer de facto alguma coisa, pelo que resta ainda uma escolha: dar a ilusão, não de encantamento, mas de trabalho. Assim, dão sempre a impressão de andar a correr, e quando o fazem, conseguem de facto percorrer distâncias assombrosas! Regra geral, não vão é a lado nenhum! Têm ainda uma outra particularidade da qual usam e abusam quando sentem que não têm pernas para continuara fugir: enterram a cabeça na areia. Estamos perante o chamado engenheiro avestruz!

Se juntarmos a todos estes exemplares, o comum burro, já para não falar do camelo, há alturas em que tenho vontade de dispensar a variedade biológica durante a semana!

domingo, 18 de março de 2007

Insubstituível: o novo escravo

Como tenho ouvido muitas vezes ultimamente, o cemitério está cheio de insubstituíveis. Creio que me dizem repetidamente a expressão para que aprenda que por vezes, fazer mais um esforço, além de não valer muito só serve para me lixar!

E apesar de ser verdade, de todos nós os sabermos, há sempre uns que são mais insubstituíveis que outros! Um bom barómetro para isso são as férias ou às vezes os pequenos intervalos em que por algum motivo, não podemos estar a trabalhar. Tipicamente existem dois tipos de insubstituíveis: os tipos que trabalham tão mal, que ninguém consegue pegar convenientemente no trabalho deles quando não estão e que por isso mesmo apenas deixam a alternativa de serem melgados; ou aqueles, que por acumularem n coisas com a mania de despacharem serviço, fazem quase sempre faltam, como uma bengala que está ali encostada, pronta a ser utilizada em caso de necessidade. E se um dia, de repente, quando se vai a esticar o braço e o raio da bengala não está lá, a única alternativa é chegar à mesma de alguma forma! Os primeiros, assumindo, que existe alguma justiça e equilíbrio na organização tuga, serão eventualmente dispensados. Já os segundos, sendo mais difíceis de apagar, acabam por ver cimentada a sua posição de apoio, cada vez com mais recurso ao seu papel de bengala, até que mesmo para eles fica claro que entre essa preferência e utilização, pouco mais é que um refinar da escravidão!

segunda-feira, 12 de março de 2007

O corno

Como em tantas outras áreas da vida, também no mundo de trabalho empresarial tuga, existe o corno, o último a saber. Geralmente é o mesmo que pertence à categoria dos “entalados”. Isto porque numa empresa, como uma organização social, com a sua própria organização em camadas, tem o seu esquema de passagem de informação vulgarmente apelidado de “rádio alcatifa”. Assim sendo, o último gajo a saber ou é altamente distraído, o que o torna o alvo perfeito para o chamado encavanço que se segue, ou é tão baixo no esquema de castas da empresa, que ninguém se lembra que lhe sussurrar as notícias pela rádio alcatifa ou, em última analise, por ser o porquinho da índia de serviço na roda dos afazeres, é por excelência uma boa vítima a quem despejar mais umas voltinhas forçadas na dita roda, que assim como assim, ninguém vai reparar!

Assumindo que não estamos a falar de ninguém das altas esferas, à medida que vamos avançando na empresa, e conforme somos ou não formiguinhas, assim vai evoluindo o perfil de corno!

Pessoalmente, aprendi a evitar a distracção sistemática no local de trabalho. Este simples facto, aliado a ouvidos apurados, fazem com que pelo menos a circulação da rádio alcatifa, me chegue aos ouvidos. É claro que o facto de ser por excelência o ratinho na roda giratória, faz com que uma boa parte das vezes, ande com a língua de fora à espera da próxima pausa que tarda em vir. E é exactamente nesses meios tempos que me apercebo que me candidatei mais uma vez ao papel de corno!

E é exactamente entre um corno e outro, que os desígnios das mentes que engendram a traição se concluem, fazendo nascer algo novo do sangue, das lágrimas e da vergonha da mesma!

sexta-feira, 2 de março de 2007

Seres mitológicos

Pessoalmente, sempre achei piada a histórias mitológicas, figuras imaginárias, fazer de conta que é possível existirem seres imaginários num universo mesmo aqui ao lado, que não o vemos porque andamos distraídos demais.
De há uns tempos para cá, comecei a reconhecer, no meu dia a dia, algumas figuras que só podem ter alguns poderes mitológicos, pelo menos aos olhos que quem se julga condenado a viver num nível abaixo das mesmas. Estas figuras, geralmente habitam o topo dos escritórios das grandes firmas e têm mesmo direito a motorista! Ao que parece dão pelo nome de administradores. Há quem diga que alguns chegam mesmo a ter capacidade de ser transformarem em criaturas de 3m de altura e cuspir fogo! Pelo receio que vejo incutido no rosto de quem balbucia as novidades que recebe, alturas houve em que eu mesma cheguei a considerar que tal fosse possível! Na antecipação, quando vi surgir uma figura apenas 10cm mais alta que eu confesso que fiquei decepcionada! No entanto quando senti o som do trovão na sua voz, quando mesmo em surdina soprava uma ordem, percebi que provavelmente o poder deste ser não seria físico, mas uma espécie de força hipnótica na voz…

Talvez o truque seja ter um corpo de administração composto por diferentes seres, cada um com o seu poder distinto de modo a poderem atacar melhor no seu todo!

Desconfio ainda que utilizam uma linguagem própria que apesar de sonoramente ser em tudo semelhante à nossa, mas com um significado totalmente diferente daquele que os seguintes na hierarquia ouvem! Esta subtil diferença, explica o pavor irracional que torna quase impossível a quem tem medo de perder as regalias existentes de lhes comunicar qualquer coisa que possa vir a ser entendido como uma afronta ao equilíbrio desenhado pelas mentes destes seres de poderes mitológicos!


Mas por definição, sendo seres mitológicos, são irreais. Existem, porque os alimentamos, porque lhes damos espaço. Se de um momento para o outro, retirássemos todo o bosque encantado, seríamos capazes de ver que falam a mesma língua que nós e que por muito maiores que consigam ser, pisam o mesmo chão!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Há os que remam...

Quero acreditar que como eu, existe muito boa gente que por vezes sente que apesar de estar a tentar correr numa pista de obstáculos para conseguir ter o tal projecto/pedido pronto a horas, no percurso dá de caras com colegas que além de não estarem a ajudar na estafeta, se transformam por artes talvez não mágicas, em obstáculos de dimensão razoável! Tão razoável, que muitas vezes tem que se optar por contornar os mesmos, tentar adormecê-los, para que seja possível saltar por cima dos ditos cujos, já que nem de empurrão pegam (sem sentido dúbio!)!

É nestas alturas que me assalta o espírito, aquele cartoon onde a equipa portuguesa de remo consiste apenas num único remador, estando o resto da malta a dar bitaites! E depois ainda se espantam de chegar em último!

Por aqui, estou a descobrir ainda uma outra vertente: para além do gajo que vai a remar, dos que gritam os seus bitaites, muitas vezes infundados, há os que conseguem a proeza de ir calmamente a limar as unhas, dando como único input para a embarcação o seu lastro!

Há dias em que me pergunto: remar para quê?

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Engenharias e outras engenhocas

O problema de se trabalhar numa área cujo trabalho desenvolvido não é palpável, traz vários problemas. Em primeiro lugar, o conceito do S. Tomé de “ver para crer” fica um tanto ou quanto impossível de medir, o que por si só levanta outras questões: como se explica o tempo consumido em algo que mal se vê?...

Na engenharia civil, é fácil entender os riscos de fazer um projecto mal feito, poupar nos materiais, etc... e infelizmente, de uma forma ou de outra todos nós já vimos telhados a cair, pontes a ruir, casas que necessitam de obras mais cedo que o esperado porque o senhor construtor resolveu abastecer-se no equivalente às lojas dos chineses em termos de materiais de construção, pois sempre podia meter mais algum ao bolso! E todos nós achamos o facto deplorável! Compreendemos que levar com um telhado no toutiço porque alguém se quis despachar, não é uma postura muito profissional.


Agora, se falarmos de algo tão pouco visível como um pedaço de software, o caso muda de figura. Estamos todos mais ou menos habituados a trabalhar com programas que não funcionam e não morrermos por isso e vemos gente a fazer rios de dinheiro com isso, pelo que deve ser normal.A solução ao que parece resume-se quase sempre ao desliga e volta a ligar! Ainda para mais, mesmo que as coisas não fiquem a 100%, há sempre uns entes mágicos que resolvem as coisas com mais cambalhota, menos cambalhota e todo esse universo assim se mantém como que de uma forma obscura que ninguém quer ver melhor!

E no meio disto como raio se consegue manter a paciência suficiente para teimar em explicar que apesar dos computadores fazerem cálculos complicados em pouco tempo, terem potencial para falar com um mundo inteiro e guardarem resmas de coisas, para que as coisas pareçam feitas de pozinhos de perlimpimpim, há alguém que gasta muita massa cinzenta e tempo com o assunto??! Como explicar que mais vale esperar mais um tempo e ter algo funcional, que encurtar o tempo, apenas para poder fazer publicidade enganosa mais tempo?

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

A metodologia do rossio na betesga!

Tem estado muito em voga esta metodologia. Talvez esteja relacionada com o consumismo da moda: desde que a montra esteja bonita e apelativa, pouco interessa que esteja feita de fita-cola e peças presas por alfinetes nas costas, sempre haverá algum distraído que embasbacado com a apresentação no manequim, nem vai reparar em nada! Se por um dia que fosse, toda a gente se colocasse no papel da costureira que tem que tornar algo pré-fabricado (e muitas vezes, mal) em algo feito à medida, talvez começássemos a reparar mais nos alfinetes que tudo repuxam por artes mágicas!

Mas a malta gosta mesmo é de apresentar que consegue fazer o impossível num fósforo:


- É só acende-lo, chefe, e depois dá logo muita luz!


E se o raio do fósforo estiver molhado?... O problema, é que ninguém gosta do gajo que se lembra de fazer esta pergunta… Porque raio haveria o fósforo de se molhar? Nem tem estado de chuva, nem nada!


E lá se continuam, a rabiscar quadros impossíveis, com metade do material. Quando finalmente, se consegue ter um esboço, perto do que de facto tem que ser feito, lá se chega à conclusão que temos a praça do Rossio completa, e apenas o espacinho da betesga no calendário para a construir! Mas alguém nas esferas superiores já tem a betesga a tracejado na sua secretária e ninguém quer lá ir fazer o desenho completo do Rossio: passa a ocupar muito espaço!

E à pala disso, lá vão nascendo Rossios, apenas feitos de papel de cenário, pintados a lápis, que devem apenas aguentar o tempo suficiente para se colocarem os pilares nos edifícios, as pedras da calçada, as estátuas, as fontes… mas na corrida até à próxima betesga, lá fica o papel a aguentar as intempéries como se fosse de verdade!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Os 3 porquinhos

Quando era pequena tinha um livro com uma banda desenhada que contava a história dos três porquinhos, com uns bonecos muito à la Disney… tenho ideia que era uma das histórias que pedia sistematicamente ao meu tio para repetir, até a saber de cor e declamá-la, olhando para as páginas, como se de facto já as soubesse ler. Não terá sido apenas por isso, mas pelo menos para mim a moral anti preguiça da história está muito clara: mais vale levar mais tempo e ter uma casa em condições. Podendo nós substituir a casa, porque quase tudo! Não é há toa que temos o ditado “depressa e bem, não há quem”!

Tenho constatado, que há por aí muito boa gente que ou não conhece a história, ou dela nada apreendeu! Por certo quase todos temos vizinhos de trabalho cujo o simples acto de marcarem o passo e aquecerem o lugar lhes serve como definição de trabalho, e ainda refilam com todos os outros que teimam em fazer as suas casinhas de tijolo com alguma calma.

Se arranjarmos um lobo mau com folêgo suficiente para mandar as palhotas e casitas de troncos desta para melhor sempre que necessário, talvez ainda haja esperança! Não precisávamos de constatar que os dois primeiros porquinhos tinham seguramente que ser tugas!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

O desenrascanço tuga

Aqui há uns tempos mandaram-me o link para a definição de desenrascanço do wikipedia, que infelizmente já não encontrei lá… mas o texto era qualquer coisa como:


Desenrascanço (loosely translatable as "disentanglement") is a Portuguese word used, in common language, to express an ability to solve a problem without having the knowledge or the adequate tools to do so, by use of imaginative resources or by applying knowledge to new situations. Achieved when resulting in a hypothetical good-enough solution. When that good solution doesn't occur we got a failure (enrascanço - entanglement). It is taught, more or less, informally in some Portuguese institutions, such as universities, navy or army. Portuguese people, strongly believe it to be one of the their most valued virtues and a living part of their culture. Desenrascanço, in fact, is the opposite of planning, but managing for the problem not becoming completely out of control and without solution.


A definição e o conceito em si parecem-me geniais. Um pouco como aquela anedota que retrata o papel português das assembleias europeias: “fechado hermeticamente numa caixa de vidro com o sinal de quebrar em caso de emergência”!

Esta óptica de é só dar um jeito agora para desenrascar, leva-nos ao típico temporário/definitivo tão comum no nosso universo de trabalho!

Este conceito, aliado a uma espécie de “falta de educação de pensamento”, em conversa com um colega meu, esteve na génese da criação de algumas das aventuras que irão passar por aqui.