terça-feira, 2 de outubro de 2007

Gestão orientada à goela

Desde que me lembro de mim, não gosto de gritaria. A minha professora primária era (e é, espero) uma senhora de peso. Para além de na altura me parecer enorme, das coisas que ainda hoje recordo mais vivamente é mesmo o vozeirão com que nos chamava ao quadro ou com que nos corrigia os ditados! Acho mesmo que quando me dei conta que ao fazer as coisas bem feitas, evitava a gritaria, a minha vontade de ser uma estudante aplicada, cresceu exponencialmente! Esta espécie de handicap, ainda hoje me assombra!

Para mal dos meus pecados, tenho vindo a descobrir uma nova escola de gestão, nos últimos tempos, que parece valorizar os decibéis emitidos. Como se o nível de incómodo causados nos ouvidos alheios, tivesse alguma espécie de reflexo no grau de respeito emitido, autoridade passada! E entre os invejosos de Olimpo, que apesar de não serem sequer semideuses, treinam o grito de boca bem aberta, para desta forma não passarem despercebidos! Nem aos desgraçados dos mortais que têm ouvidos sensíveis, nem às divindades que de tão vaidosas, consideram a mímica o derradeiro elogio!

As assembleias do monte Olimpo vêem-se reduzidas a ensaios de gramofone sobre os mais miúdos assuntos, gritados em escala crescente conforme o grau de importância, para que vejam que um bom gestor, não se esquece nunca, a prova provada é que não deixa de gritar, ora pois!

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