quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A galinha do vizinho

É sempre melhor que a minha… ou na versão americana “the grass is always greener on the other side”. Não sei se por aquelas bandas a expressão é assim tão clarificadora de muito do modo de pensar instituído, mas claramente por aqui, chega a ser a nossa própria essência. Serve para suspirar, serve para invejar o que achamos que não conseguimos fazer e serve essencialmente de desculpa para tudo o que não se faz a maior parte das vezes por inércia. E quando nos resolvemos a mexer, apenas nos limitamos a passar a papel vegetal o que vemos, ficando apenas com um frango que nada tem haver com a galinha gorducha que nos enche a vista do outro lado! E curiosamente nem assim aprendemos que esta aproximação, além de não nos deixar com o queremos, só nos deixa fel na boca!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Gestão orientada à goela

Desde que me lembro de mim, não gosto de gritaria. A minha professora primária era (e é, espero) uma senhora de peso. Para além de na altura me parecer enorme, das coisas que ainda hoje recordo mais vivamente é mesmo o vozeirão com que nos chamava ao quadro ou com que nos corrigia os ditados! Acho mesmo que quando me dei conta que ao fazer as coisas bem feitas, evitava a gritaria, a minha vontade de ser uma estudante aplicada, cresceu exponencialmente! Esta espécie de handicap, ainda hoje me assombra!

Para mal dos meus pecados, tenho vindo a descobrir uma nova escola de gestão, nos últimos tempos, que parece valorizar os decibéis emitidos. Como se o nível de incómodo causados nos ouvidos alheios, tivesse alguma espécie de reflexo no grau de respeito emitido, autoridade passada! E entre os invejosos de Olimpo, que apesar de não serem sequer semideuses, treinam o grito de boca bem aberta, para desta forma não passarem despercebidos! Nem aos desgraçados dos mortais que têm ouvidos sensíveis, nem às divindades que de tão vaidosas, consideram a mímica o derradeiro elogio!

As assembleias do monte Olimpo vêem-se reduzidas a ensaios de gramofone sobre os mais miúdos assuntos, gritados em escala crescente conforme o grau de importância, para que vejam que um bom gestor, não se esquece nunca, a prova provada é que não deixa de gritar, ora pois!