segunda-feira, 12 de março de 2007

O corno

Como em tantas outras áreas da vida, também no mundo de trabalho empresarial tuga, existe o corno, o último a saber. Geralmente é o mesmo que pertence à categoria dos “entalados”. Isto porque numa empresa, como uma organização social, com a sua própria organização em camadas, tem o seu esquema de passagem de informação vulgarmente apelidado de “rádio alcatifa”. Assim sendo, o último gajo a saber ou é altamente distraído, o que o torna o alvo perfeito para o chamado encavanço que se segue, ou é tão baixo no esquema de castas da empresa, que ninguém se lembra que lhe sussurrar as notícias pela rádio alcatifa ou, em última analise, por ser o porquinho da índia de serviço na roda dos afazeres, é por excelência uma boa vítima a quem despejar mais umas voltinhas forçadas na dita roda, que assim como assim, ninguém vai reparar!

Assumindo que não estamos a falar de ninguém das altas esferas, à medida que vamos avançando na empresa, e conforme somos ou não formiguinhas, assim vai evoluindo o perfil de corno!

Pessoalmente, aprendi a evitar a distracção sistemática no local de trabalho. Este simples facto, aliado a ouvidos apurados, fazem com que pelo menos a circulação da rádio alcatifa, me chegue aos ouvidos. É claro que o facto de ser por excelência o ratinho na roda giratória, faz com que uma boa parte das vezes, ande com a língua de fora à espera da próxima pausa que tarda em vir. E é exactamente nesses meios tempos que me apercebo que me candidatei mais uma vez ao papel de corno!

E é exactamente entre um corno e outro, que os desígnios das mentes que engendram a traição se concluem, fazendo nascer algo novo do sangue, das lágrimas e da vergonha da mesma!

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